Mensagem do Presidente do X Congresso


Após 19 anos de atividades científicas, a SBBN realiza seu décimo congresso na cidade de São Paulo. A ocasião não poderia ser mais emblemática: integrando as comemorações de trinta anos de fundação da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). Sendo 2015 o Ano Internacional da Luz, trazemos o tema “Biociências à luz das radiações: das células aos seres humanos”.

Em São Paulo, é produzida a maior parte dos radioisótopos usados no país para aplicações em Saúde, Agricultura, Indústria e Meio Ambiente. O desafio da área nuclear é formar recursos humanos em áreas multidisciplinares para produzir tecnologia de ponta com menor custo e acessível para todos os brasileiros, adotando boas práticas de fabricação, biossegurança, proteção radiológica e garantia da qualidade. Neste Congresso, serão apresentadas recentes aplicações de Biotecnologia com radionuclídeos artificiais e naturais, Radioecologia com avaliação da qualidade da água, Nanotecnologia com desenvolvimento de traçadores e novas moléculas, produção de antissoros com venenos irradiados e aprimoramento da qualidade dos medicamentos através de imagens adquiridas com emissores de pósitrons. Para desenhar ensaios pré-clínicos com incorporação de radionuclídeos e criar respectiva modelagem translacional, devem ser valorizadas experiências das diversas áreas de Biologia Experimental presentes na XXX Reunião Anual. O país deve implementar ensaios clínicos em Cardiologia, Neurologia e Oncologia, dentre outros e, para isto, é indispensável aproveitar a experiência internacional com radiofármacos, a qual será apresentada pelo Departamento de “Nuclear Sciences and Applications” da Agência Internacional de Energia Atômica. Dificuldades da aceitação pública da energia nuclear podem ser superadas demonstrando-se, tanto para cientistas como para a população em geral, a capacidade do país para enfrentar e superar acidentes radiológicos, não apenas logística, mas também tecnicamente. Respeitando-se o Principio da Justificativa da Proteção Radiológica, as radiações ionizantes devem ser adotadas somente quando não há alternativas de igual eficácia. Dentre outros, estudos de efeitos biológicos decorrentes de técnicas como tomografia por coerência ótica, Laser de baixa intensidade, ou fontes de vibração e ondas mecânicas, permitirão otimizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos, bem como a prevenção de enfermidades.

Em radiações ionizantes assim como em radiações não ionizantes, é preciso trabalhar à luz da Ciência, modernizando o desenho experimental e aumentando a confiabilidade dos testes pré-clínicos e clínicos, o que poderá demandar tempo superior ao planejado. No entanto, a exigência de produtividade por parte dos órgãos de fomento no país não deve comprometer a qualidade do trabalho científico de qualquer natureza.

Agradeço a colaboração dos colegas de São Paulo para a organização do Workshop pré-congresso e dos membros do Comitê Científico do X Congresso SBBN para a análise dos trabalhos submetidos. Sobretudo, agradeço a generosidade de cada palestrante aceitando nosso convite. Aos visitantes, desejo excelente estadia em São Paulo e feliz retorno para suas cidades.

Silvia Maria Velasques de Oliveira